sexta-feira, 29 de junho de 2012

Considerações sem ponta de ironia

Quem me conhece sabe que não sou nada dada a futebóis, mas na sequência do que se passou ontem, concretamente na meia-final europeia que nos opôs a "quem-nao-merece-ser-enunciado-pelo-nome", não podia deixar de publicar isto:

1 - Não compreendo como é possível ao "melhor jogador do mundo" falhar tanto na baliza adversária. Ronaldo, se me estiveres a ler, não te ofendas, mas não deixes de continuar a apostar nos anúncios ao Linic Anti-Caspa;

2 - Fui só eu a achar isto ou o único jogador que se mostrou excelente em todos os jogos nem sequer é português de nascença?! Refiro-me, obviamente, a Képler Laveran Lima Ferreira - em boa hora resumido a "Pepe" -, a quem aplaudo o desempenho e a simpatia;

3 - Digam o que disserem, no momento da transmissão televisiva, a "hesitação" da marcação de pénalti por Bruno Alves pareceu isso mesmo. E toda a gente sabe que o Diabo está à espreita nessas alturas...



quinta-feira, 28 de junho de 2012

Memorable quote - Anónimo

"The worst thing about being lied to is knowing you weren't worth the truth."

Este senhor tem "qualquer coisa"...

Julgo que toda a gente, mais tarde ou mais cedo, se depara com alguém que, por motivos que não vêm então ao caso, exala um appeal especial. Aquela característica de "qualquer coisa" que não se explica mas está lá. Em verdade, nem toda a gente a tem e nem sempre ela se manifesta da mesma forma. Mas existe.

Este senhor com ar sacana, por exemplo, chama-se Jon Hamm e TEM. Não acompanho a série de que é protagonista mas não me importava que nos deparássemos... E é isto.



terça-feira, 26 de junho de 2012

Inédito: âncora televisivo torna-se padre

Um dia gostava que alguém me explicasse como é que funciona o fenómeno que dá pelo nome de "chamamento". Já noutras ocasiões me deitei a pensar sobre o assunto, quer induzida por documentários televisivos improváveis, quer motivada por relatos pessoais de gente do meu conhecimento, mas nunca com a sensação conclusiva de esclarecimento lógico. Logo aqui, uma contradição intransponível, talvez.

Neste mesmo âmbito, li há momentos uma notícia surpreendente, sobre um âncora da CNN que ao fim de 34 anos de jornalismo televisivo decidiu ser padre e apesar da revelação - passível de leitura aqui http://religion.blogs.cnn.com/2012/06/26/my-faith-amid-cameras-and-countdowns-a-higher-calling/?hpt=hp_c3 - estar escrita de forma até bastante simpática e terrena, persisto sem conseguir digerir o facto de, um belo dia, alguém com uma meritória carreira de sucesso decidir dedicar-se à causa religiosa, como se tal fosse algo que desde sempre fizesse sentido mas só num determinado momento o zoom da câmara tivesse apontado nessa direcção.

Na minha maneira simplista de ver a matéria, quando gostamos de alguma coisa, sabemo-lo: ou por experiência comprovada - pessoalmente, o exemplo da massa recheada com espinafres e queijo (!!!) grana padano ilustra bem esta tese -, ou por algo menos terreno, mas que nos acompanha e, em última análise, torna únicos. Chamemos-lhes preferências, inclinações, apetites, química feronómica...

Ora, imaginar que de repente os fios das ideias se ligam no interior da nossa cabeça e dão lugar a um pensamento desta envergadura - responder ao "tal" chamamento superior e dedicar o resto do tempo de vida à causa -, parece-me não caber nem na categoria da pasta italiana nem na das hormonas, o que me deixa diante de um problema bicudo: a probabilidade séria de nunca chegar a perceber isto e ficar na ignorância. Meio intencional, meio ingénua.

A verdade é que, quanto mais leio e questiono o que é dito e feito em nome da fé, qualquer que ela seja, menos hipótese encontro de digerir o que motiva as pessoas que enveredam por esse caminho. Como se existisse um canal de comunicação especial só para eles e eu, obviamente, não fizesse parte da lista. Jesus nunca falou comigo. De Alá também nunca recebi chamada. Ou SMS, já agora. Tinha particular curiosidade em saber o que Buda me poderia ensinar se chocasse contra mim numa esquina mas é improvável que tal aconteça. Suponho que estar "em todo o lado" seja, de facto, bastante time consuming.

Voltando à vaca fria: de onde vem "a" ideia? Porque é que certas pessoas a alimentam e outras não? Será que depois da realização são mais felizes? Significa isso que até aí viviam inquietas? Mas se se trata de algo irracional, sem explicação aparente para a maioria, porque é aceite pelo homem dito "iluminado"? Demasiadas perguntas, demasiadas perguntas...

Memorable quote - Ditado popular russo

"Confia, mas verifica."

A criatura mais rara do planeta morreu

A última tartaruga gigante a habitar as Ilhas Galápagos morreu antes de ontem. Lonesome George - nome ironicamente adequado -, descoberto em 1972 na Ilha Pinta, era sobrevivente única da sua sub-espécie, pensa-se que tivesse mais de 100 anos e era considerada a criatura mais rara do nosso planeta.

Uma notícia triste não só para o tratador do animal durante mais de 20 anos, que o encontou morto no centro de criação de tartarugas terrestres da ilha Santa Cruz, como para o Centro de Investigação Charles Darwin e para o mundo, que me parece assistir com pouca reacção ao aniquilamento da sua maior riqueza: a biodiversidade.

Apesar das implicações obviamente graves desta erradicação, foram vários os momentos em que o animal testou, com a graça e placidez que lhe eram reconhecidas, a persistência de alguns humanos na conservação da sua linha familar - uma com aproximadamente 10 milhões de anos!

Em 1993, cientistas deram início, sem sucesso, a um processo de reprodução que permitisse a Lonesome George adicionar um capítulo à história da sua sub-espécie. As tentativas sucederam-se ao longo dos anos, sempre sem resultado. Chegaram a ser noticiados processos científicos a roçar o cómico e aos quais George nunca pareceu dar a mínima importância. Lembre-se, por exemplo, a zoóloga suíça que se perfumou com hormonas de tartaruga fêmea e durante quatro meses procurou estimular a estrela do Parque Nacional das Galápagos...

Henry Nicholls, autor de um dos livros mais famosos sobre Lonesome George chegou a reportar que a tartaruga era, sim, atraída de forma irresistível pelo capacete de guerra do falecido Lord Devon, presumivelmente porque o objecto se assemelhava em muito à carapaça de uma tartaruga jovem. Obstinadamente tímido e só até ao fim, George deve agora ser embalsamado e exposto no parque onde passou parte da sua vida. As finanças do arquipélago não se compadecem com a quebra de visitantes prevista pelo desaparecimento da sua maior fonte de receita...



sexta-feira, 22 de junho de 2012

Fotografia | O belo


Memorable quote - Anónimo

"Only those who risk going too far can possibly find out how far they can go."

Fotografia | Tapa, tapa que vem lá chuva


Tom Hanks? O verdadeiro?! No aeroporto de Faro?!?!?

Um cidadão sueco, de 59 anos, faz da gare do aeroporto de Faro quarto de hotel há quase um mês. A sua permanência passou despercebida à maior parte dos utentes e funcionários, até ao momento que precisou de assistência médica, devido a uma infecção num pé e declarou, no Hospital de Faro, que não tinha dinheiro para se tratar.

O director do aeroporto, Correia Mendes, adiantou que a situação foi comunicada “às autoridades”, não adiantando mais pormenores. A meio da manhã, desta Sexta-feira, como habitualmente, o homem ocupava uma mesa do canto no Costa Coffee, e dormitava, com o jornal ao lado. A presença de jornalistas fê-lo despertar e abandonar de imediato o local, visivelmente incomodado: “Desapareçam”, declarou. Fez um telefonema, pegou num saco de supermercado e com as coisas pessoais, pegou num carrinho de bagagens, e saiu: “Vou-me embora”, disse, como se fosse apanhar o avião. Os empregados do café descrevem-no como sendo uma pessoa discreta. Utiliza os serviços de apoio do aeroporto para fazer a higiene diária, e já “fala um pouco português”.

O problema que teve no pé levou-o a procurar uma cadeira de rodas, que passou a utilizar dentro da aerogare. No café, os empregados adiantam que o homem costuma tomar café, “e paga, com moedas”. O agente da PSP, de serviço no posto do aeroporto, disse “desconhecer” a situação, acrescentando: “Só o comando é que pode prestar informações”

A representante consular da Suécia, no Algarve, Samdra Pettersson, afirmou: “Tudo nos parece muito estranho, só ontem, 27 dias depois do sucedido, fomos informados pela PSP que um cidadão sueco estava no aeroporto, sem dinheiro, para regressar ao seu país". Por hoje ser dia feriado na Suécia, acrescentou, “tem estado a ser muito difícil os contactos, mas estamos a envidar esforços para que ele regresse amanhã”. Por seu lado, o porta-voz da ANA, Rui Oliveira, justificou: “Nunca pediu nada até ao dia em que solicitou uma ambulância para se deslocar ao hospital. Passou despercebido”

Este cidadão sueco não é único a fazer da gare residência. “Temos ainda um marroquino, com cerca de 40 anos, que já faz parte da casa. É bem conhecido do pessoal”, diz Carlos Cabeleira, precisando que, entretanto, ele aproveitou uma manilha das obras, no exterior, para servir de dormitório. Outra das situações “populares” entre os colaboradores do aeroporto é um “alemão que, no Inverno, anda sempre por aí. Todos o conhecem”.

in "Público", 22 de Junho de 2012

quarta-feira, 20 de junho de 2012

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Memorable quote - "Finding Forrester" - Rob Brown e Sean Connery

Jamal: Did you ever enter a writin’ contest?
Forrester: Yeah, once.
Jamal: Did you win?
Forrester: Well of course I won!
Jamal: You win like money or somethin’?
Forrester: No.
Jamal: Well, whadchu win?
Forrester: The Pulitzer.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Famílias que se entrelaçam, música que nasce

Memorable quote - "Eternal Sunshine of the Spotless Mind"

"Acho o teu nome mágico."


Joel (Jim Carrey) para Clementine (Kate Winslet), quando ambos procuram apagar todas as memórias em conjunto e evitar um desgosto amoroso

Rapazes porreiros

Fotografia | Fotografias em exposição ao ar livre no centro de Almada




 








 

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Branco, preto e vermelho sempre jogaram bem

Comecei por achar a música promocional interessante. A colaboração entre Florence and the Machine, a orquestra liderada por James Newton Howard e um coro com nada menos do que 60 elementos resultou francamente feliz, numa tonalidade que caracterizaria como épica, condizente com o filme de que é banda sonora - viria eu a descobrir.

Visualmente inventivo, "Snow White and the Huntsman" sustenta-se com sucesso na linha que divide o bonito do grotesto, sendo a vilã da história, a rainha Ravenna - interpretada por Charlize Theron - o exemplo acabado disto mesmo. Fantástica mesmo nos momentos de caracterização mais drástica, a loira ofusca por completo o esforço pálido de Kristen Stewart - no papel de princesa herdeira -, que nos apresenta uma versão de Branca de Neve algo colada a Joana D'Arc. Do Caçador e de William, amigo de infância de Branca, nada a dizer.

A odisseia entre sombra e luz, pontualmente marcada por momentos de humor rápido, culmina num final que considerei breve, até de pouca luta, tendo em conta o esforço contínuo de empowerment da princesa herdeira ao longo de quase duas horas de filme. Ainda assim, tudo está bem quando acaba bem, mesmo com anões mal dormidos e regados a vinho.  

O guarda-roupa é, sem dúvida, um ponto forte da fita. Qualquer dos modelos envergadas por Ravenna mereceria um olhar mais atento, algo impossível de conseguir na tela dada a rapidez da maior parte das sequências. A vertente simbólica também não me passou despercebida. A cena em que a rainha (negra) se banha em leite (branco) e sai purificada de todo o mal é cenicamente das mais poderosas. A recuperação de signos antigos, como a maçã, a rosa escarlate, o espelho mágico e até as criaturas da Floresta Negra foi bem conseguida e enquadrada nesta versão moderna de uma história mais gasta que o velho.



God save the Queen, indeed!

Se bem que, em muitos aspectos, a máxima “já não é o que era” se aplique, um em particular parece-me francamente seguro em contrariar ventos de mudança: no one does pomp quite like the British. E felizmente para os ingleses, a sua Rainha é o melhor exemplo vivo disso mesmo.

As celebrações do Jubileu de Diamante de Isabel II, coroada faz agora 60 anos, estão a decorrer debaixo de chuva pesada, como aliás seria de prever, mas num ambiente nacional de união e orgulho absolutamente admirável. Para além de todas as cerimónias consideradas oficiais, e que já de si compõem uma agenda recheada – veja-se o exemplo do desfile de embarcações no Tamisa desta tarde e do grande concerto que decorre enquanto escrevo estas linhas -, foram feitos largas centenas de pedidos de encerramento de ruas para festejos ditos de bairro, pois ninguém no seu juízo perfeito quer ser deixado de fora.

Parece-me consensual dizer que no meio de todo o frenesim mediático que a família real inglesa tem representado nas últimas décadas – arrisco até afirmar que o momento zero da saga Windsor coincidiu com a abdicação de Eduardo VIII – Isabel II tem representado a seriedade e a dignidade que o cargo de monarca supõe com extrema elegância e sentido de Estado.

Acho admirável que depois de uma vida inteira debaixo do olhar público, sempre atento e crítico, esta senhora prossiga composta e imperturbável no seu dever de representante máxima da dinastia monárquica made in UK, algo para o qual parecia não estar destinada e que acabou por ser, provavelmente, a salvação da mesma.

Parabéns à Rainha, pelo seu exemplo notável de lealdade e firmeza, e aos ingleses, por mais uma festa de arromba!



Perfeitamente adequado