sexta-feira, 15 de março de 2013

Por estas teclas me sigo

A apresentação do álbum "Samsara" deu o mote para um fim de tarde particularmente agradável, na companhia do pianista Tiago Sousa, no Laboratório Chimico do Museu de História Natural, em Lisboa.

Adorei o espaço, a suavidade das partituras, o piano vertical aberto e o facto de, estando de costas para a plateia, ter sido possível acompanhar as mãos do músico em todo o domínio do instrumento.

Despretensioso. Evocativo. Muito bom mesmo. Aliás, a ovação final e o encore "imprevisto" foram testemunho disso mesmo.


 
 
 
 
 

Fotografia | Um desafio à altura do 207?


O último temporal não poupou o parque florestal junto a Quiaios,
na Figueira da Foz... Mas a devastação a que assisti em todo o caminho
teve o seu lado "cómico". Por vezes os sinais são muito claros!
Dá a volta e começa de novo - foi o que me indicou este. 

terça-feira, 5 de março de 2013

segunda-feira, 4 de março de 2013

José Morgado | Público Opinião - "Dois pais, duas mães"

"Retomo uma matéria que com alguma regularidade entra na agenda, suscita alguns discursos ou opiniões, retorna a alguma discrição até nova abordagem. Refiro-me à questão sempre em aberto da adopção de crianças por parte de casais homossexuais.

Há alguns dias, foi referenciado por alguma imprensa em Portugal uma decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos que entendeu que a Áustria violou a Convenção Europeia dos Direitos do Homem por não ter permitido a adopção co-parental a um casal homossexual. Na sua decisão, o Tribunal citou Portugal como um dos países com o mesmo entendimento que a Áustria.

Parece-me de referir que o Tribunal Europeu considerou que o Governo austríaco não apresentou provas sólidas de que seria “prejudicial para uma criança ser adoptada por um casal homossexual ou ter legalmente duas mães ou dois pais”.

Creio que algumas pessoas estarão lembradas da discussão gerada quando há meses o Tribunal de Família e de Menores do Barreiro decidiu a atribuir a guarda provisória de uma criança a um casal homossexual. A decisão não configura a atribuição de responsabilidades parentais e muito menos a adopção, possibilidade que foi apreciada e chumbada pelo Parlamento português em Fevereiro do ano passado. No entanto, na altura os termos da decisão do Tribunal do Barreiro pareceram contribuir para um argumentário favorável à adopção, o que foi mais uma peça para o debate que tem continuado sobre a homoparentalidade.

A questão da adopção por parte de casais homossexuais é, com muita frequência, dirimida mais em torno dos valores que da racionalidade da argumentação. Sem querer, nem sequer consigo, trazer nada de novo para esta discussão, apenas retendo deixar algumas notas.

As três grandes preocupações ou obstáculos mais frequentemente aduzidas para inibir a adopção por casais homossexuais são a eventual dificuldade da criança em lidar com a sua orientação sexual, a vulnerabilidade psicológica e o risco de problemas de comportamento e também o risco acrescido de serem alvo de discriminação, por exemplo, em contextos escolares.

Como foi afirmado há algum tempo numa conferência realizada em Lisboa sobre a homoparentalidade, uma revisão de algumas dezenas de estudos sobre este conjunto de razões realizada pela Associação Americana de Psicologia, motivou uma resolução da Associação, em 2004, que não confirma nenhuma destas preocupações o que também transpareceu em alguns testemunhos expressos num trabalho que o PÚBLICO realizou na altura. Parece ainda de registar que em 2010, a Associação Americana de Psiquiatria afirmava "apoiar as iniciativas que permitam a casais do mesmo sexo adoptar e co-educar crianças".

Neste sentido, podemos também lembrar que a maioria das pessoas homossexuais terão sido educadas em famílias heterossexuais, que existem muitas crianças com sérios problemas emocionais e vulnerabilidade psicológica, a experimentarem condições de mal-estar devastador integrando situações familiares heterossexuais ou, finalmente, que existem múltiplos casos de crianças discriminadas por variadas razões em contexto escolar o que não nos faz retirar, por princípio, as crianças da escola mas, pelo contrário, combater a discriminação sejam quais forem as circunstâncias.

Do meu ponto de vista e de uma forma propositadamente simples, a questão central é que o que faz com toda a certeza mal às crianças, é serem maltratadas e os maus tratos não decorrem do tipo de famílias, mas da competência humana e educativa, por assim dizer, de quem delas cuida, pais, mães ou educadores. Quando as crianças são bem tratadas e crescem com adultos que gostam delas, as protegem e as ajudam a crescer, elas encontram caminhos para lidar com dois pais ou com duas mães.

O que as crianças quase sempre não sabem como resolver é quando têm por perto adultos, heterossexuais ou homossexuais, que não gostam delas, que as maltratam, negligenciam, abandonam, etc. Isso é que faz mal às crianças.

O resto é uma discussão não conclusiva, assente em valores de que não discuto a legitimidade, mas que não podem ser confundidos com um discurso de defesa das crianças de males que estão por provar. Parece bem mais importante defendê-las dos males comprovados e que todos os dias desfilam aos nossos olhos."

Artigo online aqui: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/duas-maes-dois-pais-1586508
 

Em dias como o de hoje, revejo-me

 
 

Três foi a conta que "Die Hard 5" não fez

Se para muitos "Die Hard" é o melhor filme de acção alguma vez feito - e embora as três sequelas tenham cada uma os seus momentos, nenhuma conseguiu repetir a magia do original -, "A Good Day to Die Hard" é, a meu ver, francamente desilusório a vários níveis.

1 - Por estranho que pareça, não existe um vilão declarado neste filme. Longe vão os tempos em que John McClane, o herói real de estilo icónico, se debatia até ao fim da linha com maus da fita realmente memoráveis. But then again, quantas vezes poderia Alan Rickman (re)aparecer após o mergulho da Nakatomi Tower sem fazer arquear sobrancelhas? Já basta o inimigo do saudoso MacGyver, um tipo chamado Murdoc, que (quase) morreu nove vezes em sete anos de série!

2 - A tensão é praticamente inexistente. O que existe é Bruce Willis a desempenhar o papel de Bruce Willis num filme ao estilo de Bruce Willis. O tipo com que rapidamente nos identificámos (e por quem torcemos) no primeiro filme deu lugar a uma personagem de jogo de vídeo a quem nada de levemente preocupante parece acontecer mesmo depois de partir montras de vidro em alta velocidade, furar vários andares de altura com o corpo em queda ou andar pendurado por um cabo de aço num helicóptero desgovernado. É que nem o objectivo final dos tipos da equipa contrária é óbvio... Não se percebe.

3 -  O texto é fraco e a insistência nas mesmas frases feitas desgasta até o espectador menos exigente. Será preciso um génio da escrita de argumentos para cinema para reparar que "I'm just on vacation" não funciona como complemento de "Yipee-Ki-Yay Mother Fuckers"? Juntamente com outros títulos flop de nomes como Sylvester Stallone ou Arnold Schwarzenegger, "Die Hard 5" reaviva uma certa nostalgia dos anos 80 que poderia muito bem ser substituída por novos valores seguros levados à cena por actores de sempre - Liam Neeson, por exemplo, está a consegui-lo.