"Learning to ignore things is one of the great paths to inner peace."
"Porquê?" diz a mãe de todas as perguntas e aqui não é excepção... Porque foi assim que surgiu em mim, sem pretexto nem ambição. Porque nem tudo precisa de explicação. Acima de tudo, porque ALGUMA COISA pode surgir DO NADA. Até um blogue!
segunda-feira, 2 de julho de 2012
"Contra os canhões rematar, rematar", por Ricardo Araújo Pereira, na Visão desta semana
O campeonato da Europa de mudança da opinião que os estrangeiros têm sobre Portugal começou mal
Gosto de ver um daqueles jogos de futebol em que o objectivo é marcar mais golos do que o adversário, mas estes em que os jogadores lutam pelo prestígio de Portugal junto dos mercados financeiros também são interessantes. Várias figuras, anónimas e conhecidas, têm dado o seu apoio à nova modalidade e pedido aos jogadores que endireitem a economia na transformação de livres directos, ou que resolvam o problema do desemprego ao pontapé. Tendo em conta que o governo também tem tratado o desemprego com os pés, não se pode dizer que o pedido seja inovador, ao menos no que ao método diz respeito, mas há que ter esperança.
O campeonato da Europa de mudança da opinião que os estrangeiros têm sobre Portugal começou mal. No primeiro jogo, a imagem do país lá fora foi ao poste antes do intervalo, e, na segunda parte, o futuro dos nossos filhos foi à barra. Antes disso, o guarda-redes alemão já tinha socado para trás o orgulho que os portugueses sentem no seu país. Um português que acompanhava o jogo pela televisão, e não sabia onde tinha posto os óculos, chegou a pensar que a bola tinha entrado na baliza alemã e começou a sentir orgulho em Portugal, mas depois percebeu que afinal era canto e voltou a ter vontade de emigrar.
No entanto, duas vitórias nos dois jogos seguintes fizeram com que a Europa nos olhasse com outros olhos. Há mais respeito, agora. Um português passeia nas ruas de qualquer cidade europeia e sente a admiração de toda a gente. O ministro das Finanças alemão terá telefonado a Angela Merkel para lhe dizer que, uma vez que a nossa selecção tinha sido capaz de bater a Dinamarca por 3-2, talvez as medidas de austeridade pudessem ser um pouco menos duras. Desempregados que já tinham as malas feitas para emigrar voltaram a pendurar a roupa no cabide e desataram a projectar micro, pequenas e médias empresas.
É infalível: selecção que faça brilharetes nos campeonatos internacionais obtém o respeito do resto do mundo. Repare-se no exemplo da Grécia: venceu o campeonato da Europa em 2004 e, hoje, o seu povo é tido na mais alta consideração. Os gregos mostraram que eram um povo honesto, corajoso e trabalhador, e qualquer pequeno problema que eventualmente possa haver com as finanças do país é desvalorizado quando os responsáveis da União Europeia e do FMI recordam o que Zagorakis e seus pares fizeram, há oito anos, em Portugal.
Os próprios espanhóis, que são campeões da Europa e do Mundo, têm um quarto da população no desemprego, mas esses são desempregados que podem comer um bocadinho do orgulho que foram ganhando naqueles campeonatos, e dar aos filhos a alegria de viver num país cuja selecção de futebol vence bastantes jogos.
Ler a crónica online aqui: http://visao.sapo.pt/contra-os-canhoes-rematar-rematar=f672314#ixzz1zVHEuPOZ
Gosto de ver um daqueles jogos de futebol em que o objectivo é marcar mais golos do que o adversário, mas estes em que os jogadores lutam pelo prestígio de Portugal junto dos mercados financeiros também são interessantes. Várias figuras, anónimas e conhecidas, têm dado o seu apoio à nova modalidade e pedido aos jogadores que endireitem a economia na transformação de livres directos, ou que resolvam o problema do desemprego ao pontapé. Tendo em conta que o governo também tem tratado o desemprego com os pés, não se pode dizer que o pedido seja inovador, ao menos no que ao método diz respeito, mas há que ter esperança.
O campeonato da Europa de mudança da opinião que os estrangeiros têm sobre Portugal começou mal. No primeiro jogo, a imagem do país lá fora foi ao poste antes do intervalo, e, na segunda parte, o futuro dos nossos filhos foi à barra. Antes disso, o guarda-redes alemão já tinha socado para trás o orgulho que os portugueses sentem no seu país. Um português que acompanhava o jogo pela televisão, e não sabia onde tinha posto os óculos, chegou a pensar que a bola tinha entrado na baliza alemã e começou a sentir orgulho em Portugal, mas depois percebeu que afinal era canto e voltou a ter vontade de emigrar.
No entanto, duas vitórias nos dois jogos seguintes fizeram com que a Europa nos olhasse com outros olhos. Há mais respeito, agora. Um português passeia nas ruas de qualquer cidade europeia e sente a admiração de toda a gente. O ministro das Finanças alemão terá telefonado a Angela Merkel para lhe dizer que, uma vez que a nossa selecção tinha sido capaz de bater a Dinamarca por 3-2, talvez as medidas de austeridade pudessem ser um pouco menos duras. Desempregados que já tinham as malas feitas para emigrar voltaram a pendurar a roupa no cabide e desataram a projectar micro, pequenas e médias empresas.
É infalível: selecção que faça brilharetes nos campeonatos internacionais obtém o respeito do resto do mundo. Repare-se no exemplo da Grécia: venceu o campeonato da Europa em 2004 e, hoje, o seu povo é tido na mais alta consideração. Os gregos mostraram que eram um povo honesto, corajoso e trabalhador, e qualquer pequeno problema que eventualmente possa haver com as finanças do país é desvalorizado quando os responsáveis da União Europeia e do FMI recordam o que Zagorakis e seus pares fizeram, há oito anos, em Portugal.
Os próprios espanhóis, que são campeões da Europa e do Mundo, têm um quarto da população no desemprego, mas esses são desempregados que podem comer um bocadinho do orgulho que foram ganhando naqueles campeonatos, e dar aos filhos a alegria de viver num país cuja selecção de futebol vence bastantes jogos.
Ler a crónica online aqui: http://visao.sapo.pt/contra-os-canhoes-rematar-rematar=f672314#ixzz1zVHEuPOZ
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