Nem acredito que entrei nos 30! Não que seja difícil fazer as contas e capacitar que depois do 29 vem o 30, mas porque este é o aniversário que marca o início da que me dizem ser uma das melhores épocas da vida - tenha ela o tempo que tiver.
Ora, isto bem analisado daria pano para mangas... Mangas, pernas, costas e mais que fosse, já que normalmente quem está a viver o momento não se apercebe que realmente assim é a não ser mais tarde, e assim sendo, só me vou dar conta do quanto este período foi bom (se for) quando ele já tiver passado, o que é um pouco... tardio.
Supostamente, esta é a idade em que as infantilidades e inconsistências reminiscentes dos 20 se desvanecem para dar lugar a uma versão mais segura e descontraída de mim. Clarice Lispector, escritora brasileira de linha introspectiva, terá mesmo dito um dia que "fazer 30 anos é cair em terreno sagrado", o que soa a tremendamente tentador... A ver vamos.
Na minha ideia, se aos 30 já se fez o reconhecimento dos limites da ilha em que habitamos, já se sabe de que lado sopram os tufões e de que forma o náufrago (Wilsooooon!) se salva, está então na hora de partir para a autocartografia e começar a fazer algo que se veja, em vez de passar o tempo a sonhar com isso. Porque é exactamente assim que acontece: aos 20 somos escravos das ilusões; aos 60 somos prisioneiros do arrependimento. Só na meia-idade temos todos os sentidos a funcionar em conjunto para estarmos no pico das nossas faculdades - é agora ou nunca!
1 comentário:
Eu já passei por uma boa parte dessa época e posso confirmar muitas dessas coisas.
Mas digo mais ... o mais descontraído, o saber os limites da ilha, o lado de onde sopram os tufões e como se salva o náufrago só se consegue aproveitar se se sair da ilha, se se atrever a atravessar as tempestades e se arriscar ser náufrago.
Doutro modo, apesar na consciência acrescida, fica tudo na mesma.
Espero que tenhas 10 anos fabulosos pela frente :)
Armando
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