Está lá tudo: a caixa de folha com biscoitos, os tremoços, a mini, os pastéis de bacalhau, o gaspacho, os tupperwares com enchidos - e isto só no departamento gastronómico! Amália omnipresente (ainda que desenhada a renda), "A Bola", o sofá forrado a plástico, Alcazar (perdão, Salazar), Quim Barreiros, as alcoveiteiras, o grelhador de rua, os brejeiros, as paisagens do Douro... Até o Pauleta aparece!
As interpretações cheias de sentimento de Rita Blanco (Maria) e de Joaquim de Almeida (José) dão corpo a dois emigrantes credíveis, trabalhadores incansáveis e, em certa medida resignados, que podiam perfeitamente ser muitos dos que se mudaram para França há duas gerações e todos os dias acalentam o sonho do regresso às origens.
Não me surpreende que esta fita, de vincada dimensão humana, tenha destronado alguns títulos de Hollywood tanto em Paris como em Lisboa nos últimos meses - a influência da nossa "marca" é obviamente sentida na cultura de ambos os países.
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