segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Tesouros a saque

Foi com grande tristeza e até alguma revolta que acompanhei neste fim-de-semana as notícias sobre a invasão do Museu do Cairo e subsequente destruição de algumas relíquias por saqueadores, após ateado um incêncio no edifício do Partido Nacional Democrático, até ver, detentor do poder no Egipto, localizado paredes meias com o referido espaço museológico.

De acordo com informações veiculadas pelo canal televisivo Al Jazeera, a bilheteira do museu foi roubada e pelo menos duas múmias faraónicas foram destruídas, sendo certo que, com a escalada dos acontecimentos nas ruas, se esperem violentas incursões adicionais pelos locais mais emblemáticos da cidade.

Com mais de 100 mil objectos catalogados, o Museu do Cairo é uma referência mundial absolutamente inestimável, não só para os amantes da História e da Arte, mas para qualquer visitante, a quem a monumentalidade e riqueza do espaço não passam despercebidas. Da minha visita pessoal guardo bem viva na memória a sensação de deslumbre uma vez no átrio principal do museu, guardada por gigantescas estátuas de pedra, e o frémito de excitação e nervoso miudinho uma vez chegada à zona dos tesouros de Tutankhámon...

Custa que o património, por todo o carácter simbólico que encerra, seja sempre o primeiro a sofrer as consequências da agitação social. Não é o primeiro caso nem infelizmente deve vir a ser o último - relembre-se o que aconteceu em 2001 aos Budas de Bamiyan, no Afeganistão. Gostava que não fossem necessários mais cordões humanos para salvaguardar o que acima do Egipto, pertence à Humanidade...

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