sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Nova pauta, velho "amigo"

Sobre a condição bípede

"Depois de uma queda deves sempre levantar-te. Apenas os animais não bípedes têm direito a continuar no chão. Por exemplo: quando um réptil cai continua caído. Estar caído é uma característica da sua existência. É um animal que vive caído, que vive sem se levantar.

Um bípede não é pois um animal que anda a duas patas, mas sim um animal que depois de cair se ergue sobre duas patas. Há uma diferença substancial nisto.

Portanto, só se deveria classificar um animal como bípede quando, após uma queda, ele se levantar novamente sobre dois apoios firmes e perguntar: para onde é que eu ia?"

in "Recomendações para 2012 (horóscopo)", Gonçalo M. Tavares, Visão 986

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

As falsidades que se impingem

Saí do metro com o reflexo do sol na calçada a obrigar-me a franzir os olhos. Trazia os óculos de leitura postos e não os de sol - cada minuto conta para beber mais umas páginas antes de deixar o túnel. Dois ou três metros adiante da escadaria de pedra, junto à paragem do 713, três pessoas chamaram a minha atenção. Mas não parei de andar.

Uma senhora de sobretudo com um livro de capa dura e letras douradas parecia querer passar uma qualquer mensagem a outra, negra, baixinha, engolfada em roupa. Mas um homem de polo verde com capuz e ténis de xadrez, que subia no mesmo sentido que eu, desce de repente, pára junto delas, aponta para o volume e diz para a mais pequena: "Isto é tudo falso, minha senhora."

Passei por eles e continuei no meu ritmo habitual. Percebi do que falavam. Em menos de nada o homem volta à marcha inicial e ultrapassa-me em passada larga. Parece vir a falar sozinho... Ou então deixa cair o comentário para mim. "Está mais que provado que é falso."

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

"Não sei lidar com crianças, mas posso colar selos!"

Sexta-feira que passou dei um pulo à Fundação do Gil para conversar com a Margarida Pinto Correia acerca dos avanços dos vários projectos ali em curso. O resultado foi uma entrevista de duas horas, para mim, uma verdadeira wake-up call, pois deixei o lugar pensativa, a achar que nem comecei a levantar o véu à dimensão das realidades com que a instituição se debate diariamente.

Há histórias inimagináveis para quem, como eu, teve a sorte de nascer e fazer-se gente num meio estruturado e protegido. Abandono por falta de capacitação da mãe, negligência na assistência a fragilidades e doenças, permanências clínicas desnenessárias, que se prolongam porque devolver a criança ao pai significa identificá-lo como ilegal no país, vidas que se perdem, literalmente, porque "valores" mais altos se levantam na hora de assinar na Guiné Bissau um visto para um internamento pediátrico em Portugal... Repito, um internamento, não uma oportunidade encapotada para imigração...


Mas também há episódios onde o amor, a esperança e os laços emotivos que se criam entre as equipas da Fundação do Gil - a carismática gotinha de água da Expo 98 que não chegou a ser devolvida aos Oceanos - e as crianças acolhidas abrem portas a recuperações bem sucedidas e a desenvolvimentos sustentados.


Gostava de poder imitar a Margarida, ou outras Margaridas que felizmente por aí há, e fazer a diferença no percurso de alguma destas crianças. Chorar de revolta no carro quando as coisas não correm bem - porque muitas vezes é assim que acaba - e rir à gargalhada com as situações caricatas que também se dão. Mas duvido que fosse capaz.

Curiosamente, ela pensou o mesmo quando a Parque Expo lhe estendeu o convite e hoje, anos volvidos, para além do rosto mediático da instituição, faz questão de receber todos os voluntários que ali chegam em ânsias. "Não sei lidar com crianças, mas se for útil, posso colar selos!", disse-lhe um.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Reaprender a respirar

"O trânsito nao existe, o telemóvel nao existe, os vizinhos de baixo a gritarem ao domingo nao existem, o telejornal nao existe, as máquinas calculadoras nao existem. Precisamos ter a humildade de reaprender a respirar."

in "Abraço", de José Luís Peixoto


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Apropriado para hoje

Tu não sabes quem eu sou, mas eu sei quem tu és… E só preciso de um minuto da tua atenção.

Quero dizer-te que espero que saibas a sorte que tens. O quanto eu gostaria de estar na tua pele. Poder estar na mesma cama que ela todas as manhãs. Ajudá-la a acordar da má disposição matinal.

Espero que saibas que ela só vai falar contigo depois de lavar os dentes. Não é por mal… É por medo de perder o encanto aos teus olhos. Que a consideres um ser humano comum.

Espero que saibas que ela gosta de aproveitar cada raio de sol, e que o café a deixa mal disposta. Que escolhe a roupa que vai vestir na noite anterior, só para poder ter mais cinco minutos de sono pela manhã. Que o despertador toca cinquenta vezes até que se levante, e que mesmo assim, consegue chegar a horas.

Quero também que saibas que adora histórias do fantástico. Mas não de terror! Que é capaz de saber o nome de todas as personagens de um livro antigo, mas que não se vai esforçar para decorar à primeira os nomes de todos os teus amigos… Porque ela… Ela é que sabe de si.

Tu nunca serás uma sorte para ela. Sorte é poderes tê-la na tua vida.
Sabes? Ela não é romântica por natureza, mas uma demonstração espontânea da tua parte vai fazê-la fraquejar. Porque ela é segura e doce ao mesmo tempo.

Ela não sabe cozinhar, mas vai esforçar-se para fazer o teu prato preferido. E se estiver mau, vai rir-se do falhanço, em vez de corar. E quando ela ri… Eu tenho vontade de chorar. Não de tristeza, mas porque cada gargalhada é uma nota musical que toca ao coração e faz querer dançar.

Espero que pares de fazer o que gostas e que por vezes tenhas tempo para ouvir sobre o seu dia e sobre cada pequena conquista. Que atures os seus devaneios artísticos e o tempo que perde a colorir livros infantis quando quer ter tempo para si.

Quero que saibas que eu gostava de estar desse lado, a aturar o seu mau humor e a vê-lo mudar depois do primeiro copo de vinho.

Queria poder apreciar as suas unhas que estão mais tempo de verniz estalado que de verniz perfeito… Mas que cada forma de vermelho tem uma história que ela construiu com as próprias mãos.

Gostava de me ter apaixonado por ela no primeiro dia que a vi e não no segundo. Porque cada dia com ela é a certeza de que somos amados. Porque ela é sedução e alegria num só. Porque consegue o que quer com o poder do sorriso e a força do olhar. Seria um tolo se não soubesse que tem olhos castanhos e que adora a cor verde.

Quero que saibas que ela é tudo o que quero e nunca soube que tive.

Aprende que a arritmia que sentes com ela é normal! E que a falta dela é um vazio igual à morte. Espero que sejas tudo o que eu nunca fui. Espero que a trates bem. Porque se lhe partires o coração vais perdê-la para sempre.

Pudesse eu ter lido o futuro...


Autoria: Diffuse - http://vimeo.com/36740863

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Jorge Corrula, sem confessionário...

Sexta-feira passada, com o actor Jorge Corrula, numa entrevista em tom informal no Hotel da Estrela. Boa presença, sorriso simpático e muito conteúdo para editar no projecto de publishing que tenho actualmente em mãos. Fica o registo.





Suspiram os apaixonados...

Vi isto anunciado no metro e achei o conceito giro. Consultei entretanto o programa de actividades e, de facto, ideias não faltam. O Marco Paulo que não me oiça, mas porque não juntar os dois amores?



5 a favor e 5 contra

Penso que, desde há algum tempo, ninguém duvida que gerir um blogue se tornou uma actividade tremendamente popular. Arrisco até dizer que existe uma forte probabilidade de quem lê estas linhas ter o seu próprio blogue, ou de pelo menos já ter pensado nisso! Mas como em tudo na vida, este “pacote” tem aspectos bons e menos bons, algo a que me deitei a pensar hoje cedinho, quando vinha no barco…


5 motivos para ‘blogar’

Comunicação: mais pessoal do que uma carta ou e-mail mas menos íntimo do que um telefonema, actualizar um blogue é a forma perfeita de manter família, amigos e conhecidos up to date. Prova disto está no facto de alguns dos meus blogues favoritos pertencerem a amigos que estão a viver fora do país e sobre os quais vou lendo;

Networking: pode chegar a ser impressionante a quantidade de pessoas que chegam até nós por causa do blogue, particularmente aquelas que partilham connosco as mesmas visões ou interesses;

Promoção: ter um blogue é uma boa forma de nos darmos a conhecer, de partilharmos conhecimento e até, numa vertente mais comercial, de apresentarmos o nosso negócio a potenciais clientes;

Criatividade: se procuramos uma forma de desenvolver o pensamento criativo, ‘blogar’ obriga-nos a espremer o cérebro e a extrair sumo criativo! Ter um blogue implica a uma escolha de possibilidades em aspectos que vão desde "que aspecto quero que o blogue tenha?", passando pelo "que escrever hoje?" não esquecendo o "como ilustro isto?";

'Blogar': estranho listar 'blogar' como um benefícios de… 'blogar'! Contudo, na essência, um weblog (blogue) é um diário, uma forma de nos mantermos actualizados sobre um projecto, um hobby, uma experiência de viagem ou apenas sobre o dia-a-dia. Não tenho dúvidas de que mais tarde toda a gente acha o seu blogue uma referência valiosa.


5 motivos para não ‘blogar’

Compromisso: se começamos um blogue, afixamos dois ou três posts e depois desistimos, não chegamos a ter um grande blogue... Infelizmente, gerir um blogue implica algum compromisso a longo termo, isto se pretendermos que este chegue a ter valor real enquanto ferramenta de comunicação;

Tempo: 'blogar' leva tempo e se não o limitarmos, verificamos que outras tarefas essenciais podem ser negligenciadas, nomeadamente a produtividade no trabalho;

Disciplina: como em qualquer processo criativo, 'blogar' implica que pensemos em conteúdos novos numa base regular. Mas não raras vezes verificamos que simplesmente não nos apetece 'blogar'… Mas se nos deixarmos ir na apatia, o blogue vai sofrer uma morte lenta e pior que isso, silenciosa…

Solidão: infelizmente, 'blogar' não é uma actividade social.Quando foi a última vez que se ouviu falar de alguém que convidou amigos para blogar?! Tempo investido a actualizar um blogue é tempo não usado para namorar ou sair com um grupo;

Computador: manter um blogue activo implica dispender bastante tempo em frente ao belo do monitor. La Palisse: se nos fartamos facilmente da "caixinha", mais vale esquecer criar um blogue!


sábado, 4 de fevereiro de 2012

Era uma vez... A história de Portugal

Mais uma noite em cheio no auditório da Sociedade Filarmónica Perpétua Azeitonense com o teatro de revista "Ó Malta da Minha Terra". Valeu a pena, mesmo tendo passado a maior parte do tempo gelada... Quatro horas sentada já me vai custando...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Mai' nada!

"O recém-empossado presidente do Centro Cultural de Belém (CCB), Vasco Graça Moura, fez distribuir ontem à tarde uma circular interna, na qual dá instruções aos serviços do CCB para não aplicarem o Acordo Ortográfico (AO) e para que os conversores - ferramenta informática que adapta os textos ao AO - sejam desinstalados de todos os computadores da instituição."

A notícia está a ser avançada na edição de hoje do jornal Público, recordando a forte oposição que o novo presidente do CCB sempre manifestou face ao AO. O jornal recorda ainda que o anterior conselho de administração do CCB, liderado por António Mega Ferreira, tinha decidido adoptar, numa directiva datada de Setembro de 2011, o Acordo Ortográfico em toda a documentação produzida pela instituição.

Neste momento, a questão que se coloca é só uma: será isto legal? O anterior Governo de José Sócrates ordenou, em Janeiro de 2011, que o AO fosse adoptado por todos os serviços do Estado e entidades tuteladas pelo mesmo...

No que a mim diz respeito, até acho piada que finalmente alguém assuma uma posição combativa a este respeito. Se pessoalmente continuo a fazer uso escrito da língua do meu país tal como a aprendi, no exercício diário da minha profissão vejo-me obrigada a adulterar - não o vejo de outra forma - aquele que considero um dos patrimónios nacionais mais valiosos - e aborrece-me solenemente. Afinal, que é feito da "língua de Camões",a oficial???

Por esta ordem de ideias, qualquer dia renovamos a fachada dos Jerónimos à moda da unificação de estilos, utilizando para o efeito tintas em spray...