terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

As falsidades que se impingem

Saí do metro com o reflexo do sol na calçada a obrigar-me a franzir os olhos. Trazia os óculos de leitura postos e não os de sol - cada minuto conta para beber mais umas páginas antes de deixar o túnel. Dois ou três metros adiante da escadaria de pedra, junto à paragem do 713, três pessoas chamaram a minha atenção. Mas não parei de andar.

Uma senhora de sobretudo com um livro de capa dura e letras douradas parecia querer passar uma qualquer mensagem a outra, negra, baixinha, engolfada em roupa. Mas um homem de polo verde com capuz e ténis de xadrez, que subia no mesmo sentido que eu, desce de repente, pára junto delas, aponta para o volume e diz para a mais pequena: "Isto é tudo falso, minha senhora."

Passei por eles e continuei no meu ritmo habitual. Percebi do que falavam. Em menos de nada o homem volta à marcha inicial e ultrapassa-me em passada larga. Parece vir a falar sozinho... Ou então deixa cair o comentário para mim. "Está mais que provado que é falso."

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