quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Batem leve, levemente...

Uma coisa é certa: a crítica de falta de densidade atribuída à belle Natalie após a estreia dos primeiros/últimos episódios da saga "Stars Wars" não devem voltar a ser ouvidas depois de "Black Swan". Dei o meu tempo na sala de cinema por muito bem gasto com a versão contemporânea da luta clássica que opõe o bem e o mal. A ingénua e a insinuante. A menina e a mulher.

Li algures que depois deste filme não se assiste a "O Lago dos Cisnes" da mesma forma, e em certa parte, acredito que sim. Enquanto que o bailado é todo ele leveza e graciosidade - atestei-o pessoalmente há anos, no Coliseu de Lisboa -, o psicodrama de Darren Aronofsky traz à vida com particular tensão o lado escuro de uma personalidade susceptível, vulnerável e atormentada.

Com autenticidade e dimensão, Natalie Portman encarna uma Nina Sayers à beira da ruptura quando lhe é atribuído o papel duplo da sua vida de prima ballerina - Odette e Odile, Cisne Branco e Cisne Negro. A superação, ainda que trágica, dos pudores que a prendem antes de se "tornar" na "pior" versão de si mesma foi representada de forma arrebatadora e só por isso - e pela banda sonora, com muito piano - o filme já vale a pena.

Pelo meio, a mãe que a infantiliza a todo o custo, reflectindo nela a carreira frustrada a que não pôde dar continuidade, a colega insinuante que, pela inversa, de cisne branco não tem pingo e o director da companhia... Vincent Cassel em versão atiradiça. E muito bem. "The only person standing in your way is you", diz-lhe ele...

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