quarta-feira, 23 de maio de 2012

Fim-de-semana mortífero

Quatro alpinistas morreram no passado Sábado quando, após terem feito cume, tentavam a descida do Evereste. Com idades compreendidas entre os 33 e os 61 anos, os alpinistas não resistiram à exaustão e ao mal de altitude, aparentemente agravados pelo elevado número de pessoas a utilizar as cordas de descida no Hillary Step, degenerando num efeito de engarrafamento, que implicou esperas (mortíferas) de várias horas a alguns dos que já tinham cumprido o seu objectivo.

Este é já considerado um dos fins de semana mais negros da montanha conquistada por Sir Edmund Hillary e pelo sherpa Tenzing Norgay, em 1953. Cerca de 200 outras pessoas vão tentar a sua sorte já nos próximos Sábado e Domingo, procurando assim aproveitar a janela temporal considerada "segura" para a ascenção ao pico.

De acordo com o Ministério do Turismo do Nepal, quase 4.000 pessoas subiram com sucesso o Evereste desde o feito da dupla neo-zelandesa/nepalesa e todos os anos o número de inscritos para a derradeira aventura cresce. Como resultado, em momentos de janela, podem esperar-se até mais de três horas para acesso a uma corda de descida, com pouco oxigénio disponível e as extremidades dos membros a sofrerem os efeitos das queimaduras do frio.

Ao que parece, não é raro que alpinistas descurem avisos para descida de guias experientes após terem pago dezenas de milhares de dólares pelas suas expedições. E se, dando ouvidos à prudência, o líder de uma expedição a cancela por motivos de segurança mas mais tarde o tempo se mostra limpo, acontecem queixas...

Recordo com apreensão as palavras de João Garcia numa palestra a que assisti em tempos e, alimentando a esperança de um dia eu mesma visitar o Campo Base desta montanha colossal, ocorre-me apenas um pensamento: a Natureza não perdoa a quem desafia os seus desígnios.




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