terça-feira, 8 de maio de 2012

Sobre a "açorda" do Pedro Rolo Duarte

Parece consensual, tanto para os profissionais da análise política televisionada (e não só) como para o comum anónimo sem tempo de antena mas dotado de senso comum, que o resultado de maior destaque das últimas eleições presidenciais em França foi, não a vitória de Hollande ou a não-reeleição de Sarkosy, mas os cerca de 18% de votos recolhidos por Marine Le Pen na primeira volta do sufrágio. Uma candidata de extrema direita - que, imagino, não coma criancinhas ao pequeno-almoço mas também não angaria a minha simpatia - decidiu o rumo do duelo final.

Nas legislativas levadas a cabo na Sérvia, também no último fim-de-semana, o partido nacionalista SNS, até aqui na oposição, recolheu praticamente 25% dos votos, algo que não lhe permitiu garantir a maioria absoluta, mas alavancou as presidenciais, decorridas em simultâneo, através de um reforço positivo ao seu candidato, que segue agora para o próximo "nível" do "jogo". 

Por outro lado, ouvi há pouco num noticário que, na Grécia, o filme da falta de uma aliança política que possibilite a governabilidade interna e tranquilize minimamente os mercados financeiros se mantém, sendo de realçar a eleição de elementos - quase 20 - do partido neo-fascista para o Parlamento.

Já diz o povo que em casa onde não há pão, toda a gente ralha e ninguém tem razão... Mas curiosamente (ou não), para a Alemanha não se passa nada. Merkel já foi adiantando que o pacto orçamental assinado pelos 25 não está aberto a "negociações" e que os shifts políticos que se estão a registar na Europa não devem merecer "dramatizações". Genial!

Pedro Rolo Duarte refere-se a tudo isto como a "açorda" num dos últimos posts do seu blogue. Eu arriscaria ser um pouco nada mais corrosiva. Já vimos esta fita antes e não gostámos do fim. É que no meio de todo aquele enredo cinzento, absolutamente enfadonho, uma só personagem tinha roupa colorida. Um sobretudo encarnado, não era?


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