terça-feira, 26 de junho de 2012

A criatura mais rara do planeta morreu

A última tartaruga gigante a habitar as Ilhas Galápagos morreu antes de ontem. Lonesome George - nome ironicamente adequado -, descoberto em 1972 na Ilha Pinta, era sobrevivente única da sua sub-espécie, pensa-se que tivesse mais de 100 anos e era considerada a criatura mais rara do nosso planeta.

Uma notícia triste não só para o tratador do animal durante mais de 20 anos, que o encontou morto no centro de criação de tartarugas terrestres da ilha Santa Cruz, como para o Centro de Investigação Charles Darwin e para o mundo, que me parece assistir com pouca reacção ao aniquilamento da sua maior riqueza: a biodiversidade.

Apesar das implicações obviamente graves desta erradicação, foram vários os momentos em que o animal testou, com a graça e placidez que lhe eram reconhecidas, a persistência de alguns humanos na conservação da sua linha familar - uma com aproximadamente 10 milhões de anos!

Em 1993, cientistas deram início, sem sucesso, a um processo de reprodução que permitisse a Lonesome George adicionar um capítulo à história da sua sub-espécie. As tentativas sucederam-se ao longo dos anos, sempre sem resultado. Chegaram a ser noticiados processos científicos a roçar o cómico e aos quais George nunca pareceu dar a mínima importância. Lembre-se, por exemplo, a zoóloga suíça que se perfumou com hormonas de tartaruga fêmea e durante quatro meses procurou estimular a estrela do Parque Nacional das Galápagos...

Henry Nicholls, autor de um dos livros mais famosos sobre Lonesome George chegou a reportar que a tartaruga era, sim, atraída de forma irresistível pelo capacete de guerra do falecido Lord Devon, presumivelmente porque o objecto se assemelhava em muito à carapaça de uma tartaruga jovem. Obstinadamente tímido e só até ao fim, George deve agora ser embalsamado e exposto no parque onde passou parte da sua vida. As finanças do arquipélago não se compadecem com a quebra de visitantes prevista pelo desaparecimento da sua maior fonte de receita...



1 comentário:

AGT disse...

De facto é triste. :(