Um clássico mais rica

Há quem defenda que há um momento para tudo na vida. E que, nesse sentido, quando as coisas acontecem no "tempo certo", inexoravelmente nos apercebemos e retiramos daí boas sensações.

Lembro-me de há anos largos, era eu criança, o meu pai ter referido em conversa um filme chamado "África Minha", que tanto o tinha marcado. Ocorreu-me de imediato ser incompreensível como só filmes com África no título ou outros de referência duvidosa (leia-se, muito chata) pareciam ganhar lugar na prateleira de memoráveis do meu pai. "Laranja Mecânica", "Voando Sobre um Ninho de Cucos", "Papillon" ou "2001 - Odisseia no Espaço" eram outros dos tais que me despertavam então curiosidade zero...

Acontece que vi ontem pela primeira vez o "África Minha" e achei magnífico. Sem dúvida que um dos elementos mais marcantes do conjunto é a banda sonora, mas diria que é justo afirmar que uma coisa acompanha a outra. John Barry conseguiu com o tema central, originalmente interpretado pela Filarmónica de Praga, a elevação do título de Sydney Pollack a uma categoria de intemporalidade que, em utopia, todos desejam mas poucos alcançam.

Lembrei-me imensamente do meu pai e cheguei aos créditos lavada em lágrimas, mas a sensação que guardo é que foi muito bom não ter arriscado ver o filme antes. Está lá tudo o que realmente importa mas dificilmente o teria percebido mais cedo.