quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Era uma vez, há muito muito tempo, uma macaca...

"Lucy". O trailer prometeu e a fita cumpriu. Dentro do género "tudo-e-mais-alguma-coisa-é-possível-porque-se-trata-de-um-filme", obviamente. A escolha de Scarlett Johansen para o papel principal (a loira, não a Australopithecus afarensis) foi a melhor parte, embora um valor seguro como Morgan Freeman não seja de diminuir. De bata vestida, então, qualquer coisa que dissesse seria sempre verdade.

A noção de que os humanos de hoje utilizam apenas 10% da capacidade total do seu cérebro permite um conjunto amplo de especulações sobre o que aconteceria caso o potencial não explorado ficasse disponível. E imagino que nem fosse preciso chegar aos 100% para ver acontecer desenvolvimentos interessantes mas, lá está, porque não esticar a imaginação ao limite?



Fiquei com a sensação de que a crueza de algumas cenas (nomeadamente as mais gráficas) foi associada de propósito a um estado de humanidade progressivamente diminuído, à medida em que outras faculdades se apoderavam de Lucy. Taipei, por outro lado, provou-se um bom local para imprimir o anonimato e a velocidade à história com que tudo parece acontecer nas mega cidades asiáticas.

A cena em que Lucy se desintegra no avião e aparece depois refeita foi muito pouco verosímil. Ninguém fotografa e partilha nas redes sociais?! A perseguição em Paris também não me convenceu, assim como os vilões a saírem como formigas das salas da Sorbonne. A viagem no tempo pareceu-me engraçada, até Lucy decidir confrontar(se) com um gesto ao estilo ET... Demasiado bizarro.

Teria preferido ver um filme menos preso a um enredo clássico (heroína entala vilão em vingança desenfreada) e mais ligado ao que de produtivo se poderia retirar de toda a situação, mas foi à mesma um serão bem empregue.

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