segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Guerreiros Jedi de rabiosque ao léu

Há dias alguém me dizia que poderia enveredar pelo ofício de crítica de cinema. Simpático. Se como assessora de comunicação a coisa não começar a render milhares rapidamente posso sempre ir ver filmes à pala e deslocar-me ao estrangeiro para entrevistar estrelas da Sétima Arte. Mas como nada é perfeito, na mesma conversa aproveitou-se a oportunidade para me ser apontada uma aresta a necessitar ser limada: o facto de comentar apenas os filmes que me merecem avaliação positiva. Pela amostra que neste espaço disponibilizo, outro remédio não tive senão assentir, mas retive o reparo e aqui estou para lhe dar o justo seguimento, desbravando caminho à conta de uma película recente que em muito me desiludiu - “The Men Who Stare at Goats”.

Este foi nitidamente o caso de uma excelente selecção de conteúdo para trailer que, tendo criado expectativas altas, não se consumou na versão integral, o que me levou a pensar, pela primeira vez este ano, em barrete.

No que diz respeito ao casting, nada a apontar, não fosse ele ser o primeiro a sofrer da insipiência do argumento pelo qual concordaram dar a cara - e não só: Mister Nespresso também mostra o rabiosque. George Clooney, Ewan McGregor, Jeff Bridges, Kevin Spacey e Stephan Lang - o mesmo de “Avatar” - pareciam prometer horinha e meia de bons desempenhos, com a diferença face a películas anteriores a consumar-se no texto parolo que um filme com semelhante título faz antever. E em verdade, os homens até cumprem, mas à mesma fica a sensação de “fraquinho”...



Clooney reitera a postura de brincalhão carismático com a qual já reservou o seu lugar ao Sol; Bridges enquadra-se que nem luva na condição de militar hippie, talvez por sempre ter sido algo bananinha; Spacey continua o verdadeiro sacana que todos adoramos e McGregor, eternamente o tipo de quem se gosta, não parece ganhar expressão quando comparado com as personagens mais absurdas que o rodeiam e que insistentemente o procuram atirar para um estado próximo da insanidade. Qualquer comédia precisa de um ‘certinho’, o ‘cromo’ com o qual todos se metem, mas não necessariamente que este seja tão facilmente relegado para um plano terciário, quase esquecido.

Com realização de Grant Heslov, “The Men Who Stare at Goats” é, a meu ver, uma comédia superficialmente satírica, já que a meio da farsa ficam no ar pertinentes questões sobre a indústria da guerra. Para quem visa passar um bom bocado na sala, o filme sobrevive à avaliação com um andamento ritmado e pontuais cenas dignas de gargalhada sonora. Contudo, não deixo de pensar que pessoalmente esperava algo mais substancial… E vai daí, pensar que se trata de um filme em que homens – mais concretamente militares com capacidades paranormais, monges combatentes, guerreiros Jedi e mais que lhes ocorra - tentam matar cabras através da mente… Afinal talvez seja tão substancial quanto uma trama como esta possa realmente ser. Ainda que se trate de cinema!

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