terça-feira, 18 de maio de 2010

A lixeirada que eu faço

Espicaçada por uma das minhas mais recentes aquisições literárias, "No Impact Man - The Adventures of a Guilty Liberal Who Attempts to Save the Planet, and the Discoveries He Makes About Himself and Our Way of Life in The Process", do insuspeito autor americano Colin Beavan, percebi que apesar da atenção que direcciono para as temáticas do ambiente e da sustentabilidade no planeta, na verdade, muito pouco faço para reduzir a minha pegada ecológica.

Dei então comigo a fazer um raciocínio próximo ao do autor: perceber qual a quantidade de lixo que produzimos diariamente é uma boa forma de começar a vislumbrar a dimensão do problema. Mas isso implica uma auto-crítica dolorosa, especialmente para quem se importa se daqui a dez anos existem ursos polares além das ilustrações em enciclopédias da vida animal.

Ainda assim, decidi avançar, e é pois é com um misto de vergonha e desilusão que publico a minha INACREDITÁVEL lista de desperdício, associada apenas ao dia de HOJE:

Papel higiénico
Água sanitária
Embalagem plástica rígida (do desodorizante que acabou)
Cotonetes
Embalagem de papel (reveste o pacote dos cereais de pequeno-almoço)
Pacote de plástico (contém os cereais de pequeno-almoço)
Embalagem de cartão com revestimento metalizado (leite)

Saco de papel pardo (para transporte de um bolo de pastelaria)
Embalagem plástica (com iogurte líquido)
Garrafa de plástico de 50 ml (água)
Lenço de papel

Pacote com revestimento metalizado (batatas fritas)
Casca de banana (biodegradável, mas ainda assim, desperdício)
Embalagem plástica (sobremesa de baunilha)
Embalagem de cartão com revestimento metalizado (néctar de fruta)
Guardanapo de papel
Papel higiénico
Água sanitária

Papel de escritório (com ambas as faces utilizadas)
CD-RW (inutilizado por erro na gravação)
Tinteiro de impressora
Papel (envolve pastilha elástica)
Pastilha elástica
Água sanitária

Embalagem de cartão com revestimento metalizado (leite achocolatado)
Embalagem de plástico (individualiza 25 bolachas de um pacote maior)
Papel de rebuçados de fruta
Toalhete desmaquilhante
Água sanitária

Tudo isto a somar ao impacto do percurso Barreiro-Oeiras-Barreiro (cerca de 90km) à velocidade média de 90 Km/hr (num veículo a diesel), à energia dispendida por todos os equipamentos utilizados no dia-a-dia (que também consubstanciam uma categoria de consumo), ao dióxido de carbono gerado pela minha própria expiração, bem como a tantas outras coisas que nem vale o esforço lembrar, para não ficar ainda mais deprimida.

O rasto de LIXO - é mesmo esse o nome - é arrepiante e acreditar que a mudança para uma postura menos poluidora se faz de um dia para o outro é insensato e impraticável. Por isso, e apenas para começar por algum lado, decidi abolir as garrafas de plástico do meu consumo de água (trazendo comigo um termo que vou enchendo sempre que necessário) e procurar cotonetes de cartão, em substituição das tradicionais plásticas (responsáveis por manchas que boiam durante décadas nos oceanos, formando ilhas do tamanho de países).

Finalmente, uma notícia que deu que falar no trabalho esta semana e que só pelos comentários deixados online já vale a leitura: "Quercus lança campanha para fraldas reutilizáveis" - http://www.publico.pt/Sociedade/quercus-lanca-campanha-pelas-fraldas-reutilizaveis_1392270

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