segunda-feira, 4 de junho de 2012

Branco, preto e vermelho sempre jogaram bem

Comecei por achar a música promocional interessante. A colaboração entre Florence and the Machine, a orquestra liderada por James Newton Howard e um coro com nada menos do que 60 elementos resultou francamente feliz, numa tonalidade que caracterizaria como épica, condizente com o filme de que é banda sonora - viria eu a descobrir.

Visualmente inventivo, "Snow White and the Huntsman" sustenta-se com sucesso na linha que divide o bonito do grotesto, sendo a vilã da história, a rainha Ravenna - interpretada por Charlize Theron - o exemplo acabado disto mesmo. Fantástica mesmo nos momentos de caracterização mais drástica, a loira ofusca por completo o esforço pálido de Kristen Stewart - no papel de princesa herdeira -, que nos apresenta uma versão de Branca de Neve algo colada a Joana D'Arc. Do Caçador e de William, amigo de infância de Branca, nada a dizer.

A odisseia entre sombra e luz, pontualmente marcada por momentos de humor rápido, culmina num final que considerei breve, até de pouca luta, tendo em conta o esforço contínuo de empowerment da princesa herdeira ao longo de quase duas horas de filme. Ainda assim, tudo está bem quando acaba bem, mesmo com anões mal dormidos e regados a vinho.  

O guarda-roupa é, sem dúvida, um ponto forte da fita. Qualquer dos modelos envergadas por Ravenna mereceria um olhar mais atento, algo impossível de conseguir na tela dada a rapidez da maior parte das sequências. A vertente simbólica também não me passou despercebida. A cena em que a rainha (negra) se banha em leite (branco) e sai purificada de todo o mal é cenicamente das mais poderosas. A recuperação de signos antigos, como a maçã, a rosa escarlate, o espelho mágico e até as criaturas da Floresta Negra foi bem conseguida e enquadrada nesta versão moderna de uma história mais gasta que o velho.



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