quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Favor não entrar em pânico

Ontem ao final do dia fui assistir ao lançamento do livro "Fukushima: Crónica de um Desastre", no Instituto Francês. Da autoria de Michäel Ferrier, presente no evento e apresentado pelo tradutor Miguel Serras Pereira, a obra pretende ser aquilo a que a editora em Portugal designa de "um testemunho poético e pungente sobre o caso Fukushima, cujas causas estão muito além do tsunami de 11 de Março [de 2011]".

Devo dizer que ia curiosa, pois tenho algum interesse (preocupado) no tema, e saí bastante satisfeita por não ter desperdiçado a oportunidade de me inteirar melhor sobre este desastre à escala global. À escala GLOBAL.

Não nos enganemos: apesar do 11 de Setembro ser comummente conhecido como 11 de Setembro e de Fukushima não o ser como 11 de Março, o que já de si relativiza (e geopolitiza) a questão, a tríplice formada pelo terramoto, tsunami e explosão na central nuclear de Fukushima Daiichi é, e há-de continuar a ser, um acontecimento terrível que diz respeito a todos, e não apenas aos japoneses.

Confirmei que a cobertura mediática do tema (e seus desenvolvimentos mais recentes) tem sido uma anedota de particular mau gosto e que os principais responsáveis perceberam tanto sobre o que tinham em mãos como teria eu se a apresentação de ontem tivesse sido feita em aramaico.

Fiquei a saber que o relatório da Comissão de Inquérito ao desastre nuclear apontou apenas causas humanas, na sua maioria até previamente sinalizadas, e que a obra de "cobertura" da zona de explosão dos reatores mais não foi do que uma operação de cosmética. Como se costuma dizer, longe da vista...

Aprendi que, apesar do bizarro a que soa, a dispersão de estruturas similares a Fukushima num país com o grau de sismicidade do Japão não é necessariamente vista como um desafio à gestão nuclear e que até as reminiscências histórico-coloniais (foi avançado o exemplo da França e da Argélia) continuam a influenciar a localização das plantas.

Convenhamos que preocupações com peixes contaminados ou exposições inusitadas que dão lugar a cancros não fazem parte do dia-a-dia da maioria das pessoas. Ainda assim, a cada 10 horas um novo reservatório de água radioativa, usada no arrefecimento das estruturas, é selado e depositado no local do acidente nuclear de Fukushima. E, até ver, ninguém faz a mais pálida ideia sobre que destino dar-lhes.

Trailer para o filme "Le monde aprés Fukushima":
 

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é, parece que o Governo já encerrou todas as centrais...temporariamente é claro, até verificarem todas as regras de segurança. A arrogância de determinados humanos continua no seu melhor, pensando sempre que "está tudo controlado". Até à próxima catástrofe. NM