segunda-feira, 7 de junho de 2010

Contra França, em collants

Não sei se foram os nomes dos envolvidos que me levaram à certa, se a própria história, já conhecida mas sempre revisitada com gosto, a verdade é que o "Robin Hood" de Ridley Scott me desiludiu tremendamente.

Primeiro os aspectos negativos. Basicamente estamos perante uma película que termina onde devia começar. Logo por aí se percebe que algo de errado se passa, e não no reino da Dinamarca, antes na floresta de Sherwood. Vamos à procura da história do bom rufia que roubava aos ricos para dar aos pobres e temos de nos contentar com a história daquele que um dia virá a ser o dito... Não convence.

Mas mesmo por este prisma, poderia nem tudo estar perdido. Não é assim tão raro termos uma expectativa inicial, sermos confrontado com uma realidade completamente diferente da imaginada e ficarmos satisfeitos à mesma, mas não foi o caso. Abandonei a sala a pensar que se tratava de um filme muito pouco inspiracional, onde nem um elenco encabeçado por Russell Crowe e Cate Blanchett conseguiu abrilhantar os planos de fundo feitos de castanhos sombrios e verdes entediantes.


Depois de "Gladiator", "Hannibal" e "Kingdom of Heaven" contava com qualquer coisa mais entusiasmante. Nem a maior cena de batalha, no final da história (ou será início) foi climática, muito porque Scott escolheu filmar espaço em vez de acção. E já agora, que barcos eram aqueles que chegavam à costa inglesa carregados de franceses do século XIII, mas que mais pareciam os usados pelas forças aliadas no memorável desembarque na Normandia? Voltando à acção, foi aspecto que também não se concretizou na parelha romântica do filme, a meu ver, altamente improvável e consequentemente, pouco entertaining.

Ainda assim, "a César o que é de César". A persistência do realizador no casting de Russel Crowe confere alguma crueza e afirmação ao título, características que uma vez impressas num herói popular como Robin Hood, até são bem-vindas. O espaço cénico foi bem estudado, sendo a vila de Nottingham o melhor exemplo da categoria, e a caracterização austera facilitou o trabalho da fotografia nos planos de pormenor.

1 comentário:

AGT disse...

Bem, ultimamente estás um público bastante complicado de agradar...e eu aparentemente um muito fácil, porque dei o € gasto pelo bilhete muito bem empregue. Acho que andas à procura de uma irreverência independente num Blockbuster... e isso é a mesma coisa que andar à procura de um Pastel de Belém em pleno Alentejo profundo... Afinal estamos a falar do Robin Wood, da última vez que o filmaram andava o Kevin Costner todo limpinho e penteadinho a correr atrás da Mary Elizabeth Mastrantonio que mais parecia ter vindo do cabeleireiro... Este ao menos mostrou um Robin Wood mais real, mais crú...um pouco na onda do novo 007... menos fantasia e mais realidade fria, feia e a cheirar mal... Ainda que em formato blockbuster e 100% comercial, porque afinal os filmes existem para fazer dinheiro. Estamos mais uma vez em desacordo, mas deixa lá que gosto de ti na mesma. :D